O QUE VALE MAIS, UM MANDATO OU UM AEROPORTO?


Prefeito quer destruir o aeroporto de Canavieiras

Por Walmir Rosário*

Desde que me entendo por gente ouço dizer que o transporte aéreo é uma das principais ferramentas para o incremento do turismo nas cidades com essa vocação. Os grandes investimentos em infraestrutura turística também dependem da aviação para receber mais facilmente seus hóspedes. Investidores de outras áreas – principalmente agroindustriais – também consideram o transporte aéreo essencial para seus empreendimentos.

E poderia aqui escrever mais uma centena de linhas para falar das vantagens do transporte aéreo e das cidades que possuem aeroporto com pista longa (1.360 metros), asfaltada e estrutura de embarque e desembarque de passageiros. Todos sabem e tecem loas, menos o prefeito de Canavieiras, que pretende destruir o aeroporto, na sua totalidade, inclusive arrancando a pista de asfalto.

Desde que foi eleito, o prefeito demonstra não ser afeito ao desenvolvimento da cidade, que não conta, nestes quase quatro anos, um só investimento em infraestrutura ou empreendimentos para a geração de emprego e renda. Dentro de sua ótica administrativa, até que ele não está errado: se não pretende desenvolver Canavieiras, para que aeroporto? Para que transporte aéreo?

Há muitos anos viajar de avião deixou de ser um costume dos mais ricos. A estabilidade da moeda, aliada à cedibilidade na economia e disposição das empresas em crescer tornaram as viagens aéreas possíveis a todas as classes sociais, que podem chegar em menos tempo nos seus destinos e ainda pagar as passagens em até 12 suaves prestações no cartão de crédito.

Desta vez o alcaide extrapolou e quer acabar o aeroporto, que não é seu, não é do município, e sim patrimônio do Estado da Bahia. E não é que esse tosco gestor teve o topete – ou seria cara de pau – de querem embarcar nessa sua estrambótica viagem o Governo do Estado. Em um ofício mal-ajambrado dirigido à Secretaria de Infraestrutura do Estado da Bahia (Seinfra), teve o desplante de pedir a desativação do aeroporto.

Mas o famoso “bolo doido”, como o alcaide se autodenomina, pretende que os 403.496,98m² (quatrocentos e três mil, quatrocentos e noventa e seis metros e noventa e oito centímetros quadrados) de área sejam destinados à construção de casas populares. À boca da eleição, nada melhor que lotear essa grande área para doações eleitoreiras, cuja finalidade é a simples reeleição. Nada mais torpe.

E a grosseira justificativa do alcaide para a destinação da área é por demais absurda: construir 2.420 casas para famílias de baixa renda que migram da zona rural, inclusive, para a cidade. Mais uma vez coloca no papel sua incapacidade de gerir Canavieiras, por não planejar ou elaborar projetos para manter o homem no campo e sim facilitar sua vinda para a área urbana e em condições adversas.

Chamaria a rasa vontade do alcaide de megalômana se não fosse apenas um rasgo de populismo e desvario, senão, vejamos: Atualmente Canavieiras dispõe de cerca de 5 mil imóveis residenciais em toda a cidade. Mesmo assim, o alcaide pretende construir metade de uma Canavieiras apenas na área do aeroporto. Pelo ofício enviado à Seinfra, apesar de se referir em um projeto de habitação não costa o nome do arquiteto ou engenheiro que emprestaria seu nome a tal absurdo.

Respostando o malfadado ofício do alcaide, a Seinfra, em resposta curta e grossa, informou que a solicitação foi indeferida em virtude da localização estratégica do referido aeródromo e da sua importância para a região. E mais: disse que compete à administração municipal compatibilizar o ordenamento territorial de forma a preservar a segurança do aeroporto. Regra considerada de somenos importância pelo alcaide.

Mas a resposta não foi a bastante e o alcaide já promete agir em altas esferas políticas movido pela sanha de usar a área do aeroporto como moeda eleitoreira, como se não houvessem áreas à vontade para a construção de casas. Basta olhar o mapa de ocupação de solo. Mas nada disso importa, pois nos seus programas eleitorais, o candidato Almeida já falava na destruição do aeroporto.

O motivo é bem simples: O aeroporto de Canavieiras foi reformado pelo Governo do Estado atendendo a diversas gestões do ex-prefeito Almir Melo, que negociou com algumas empresas aéreas regionais com o objetivo que operassem no aeroporto, com aeronaves de até 70 passageiros, pois é considerado um dos mais seguros, tanto pela extensão da pista, quanto pelas correntes de vento.

Para os analistas políticos de Canavieiras, o prefeito apenas pretende emplacar um pífio factoide, já que não tem dormido sossegado, sonhando com o finado Almir Melo, cuja obra continua viva, presente na memória dos canavieirenses. A título de lembrança, quem empresta o nome ao aeroporto é o médico Sócrates Rezende, ex-sogro de Almir; já a estação de passageiros, o comandante Agnelo Melo, irmão do ex-prefeito.

Pelo que se comenta, outras gestões dissimuladas seriam tentadas para fazer com que a Anac. Daí, o inferno seria o limite.


Comentários

  1. Sr. Walmir Rosário sempre brilhante e reto em suas colocações. Uma grande honra ter sido sua colega de trabalho.

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  2. Canavieiras precisa é de progresso e não de drstruição!

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  3. As pessoas precisam procurarem o Ministério Público para fazer uma denúncia . Fazer um manifesto, com ordem, pois os Canavieirenses são um povo ordeiro. O povo não pode mais se calar com essas atrocidades desse que só querem voto e não tem amor por esta terra!

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  4. Só uma pessoa de mente tacanha pode pensar em destruir um equipamento para impulsionar o turismo de uma cidade .

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  5. Enquanto diversas cidades almejam um aeroporto, o prefeito de Canasvieiras quer destruí-lo. Tenho por certo que ele está na contramão do progresso. Além disso, o aeroporto aguça a minha memória afetiva porque passei a minha infância toda nele, indo e voltando com meu pai Demóstenes Chachá para Belmonte, que fazia o táxi aéreo nessa época.

    Igor Teles Chachá

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