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Dendezeiros Unauê da Estação Lemos Maia |
Por
Walmir
Rosário*
Instituição
que representou um modelo de inovação na agricultura brasileira, desempenhando
um papel na Extensão, Pesquisa e Educação, atualmente passa por inimagináveis
percalços. Um deles é o envelhecimento do quadro de pessoal das áreas
científica, administrativa e operacional, que a torna incapaz de gerenciar sua
estrutura, haja vista o pequeno número de pessoal na ativa.
Com
isso, a instituição antes motivo de orgulho estatal na cacauicultura nacional, hoje
sofre invasões em suas estações experimentais, locais praticamente sem pessoal.
A primeira a sofrer esse tipo de ação foi a Joaquim Baiana, em Itajuípe; a
segunda foi a do Extremo Sul, localizada em Itabela; e a mais recente, a Lemos
Maia, em Una.
Embora
a direção da Ceplac tenha agido junto à Polícia Federal e ao Judiciário para retomar a posse,
alguns prejuízos são causados pelos invasores, notadamente na execução das
ações de pesquisa nelas desenvolvidas. Em todas elas – ainda ativas –
pesquisadores desenvolvem projetos sobre cacauicultura, pecuária e café, em
Itabela; e solos, cacau e dendê, na Lemos Maia, invadida na semana atrasada.
Mesmo
contando com uma equipe reduzida, os técnicos ceplaqueanos vêm obtendo resultados
positivos nas pesquisas em desenvolvimento, cujos riscos da permanência das invasões poderão
causar prejuízos incalculáveis. A Estação Experimental Lemos Maia (Esmai) sedia
pesquisas com o dendê, local onde está implantado o único banco de germoplasma
do nordeste.
O
receio é que as melhores mães Caiaué (Elaeis
oleifera), que quando cruzadas com as plantas africanas, dá uma palmeira
híbrida que produz o azeite batizado de Unauê. Esse azeite possui menor
quantidade de ácidos graxos livres do que o óleo do dendezeiro, por isso é um
azeite com menor acidez e melhor qualidade. É também mais insaturado e com
maior teor de vitamina “E” e carotenos que o óleo do dendezeiro.
Essas
ações promovidas por grupos ligados ao Movimento Sem-Terra e indígenas vêm se
intensificando nos últimos anos no Brasil, e nas áreas da Ceplac podem ficar
mais facilitadas pela burocracia estatal. Embora a invasão de terras públicas
seja um crime previsto no ordenamento jurídico, esses grupos parecem não temer
as consequências jurídicas.
Em diversas
regiões do Brasil (não parece ser o caso em Una), geralmente as invasões são seguidas de destruição de
material genético, o que causa prejuízos consideráveis em recursos financeiros
de investimento e custeio, e o que é mais grave: a perda de dados e do
material, inviabilizando anos de pesquisa. Perdem-se o capital público ou
privado investido, além do conhecimento científico.
O
dendezeiro, que é a segunda planta mais eficiente no sequestro de carbono (logo
abaixo do eucalipto), também poderá perder sua importância comercial caso não
seja protegida por políticas públicas. Todo o trabalho realizado com o dendê
pela Ceplac na Esmai perderá significado por falta de ações governamentais da
União e Estado da Bahia, pela simples falta de incentivo na substituição das
plantas antigas pela Unauê.
Com a
morte por inanição programada para a Ceplac, melhor seria repassar essas áreas
para entidades governamentais afins, como a Universidade Estadual de Santa Cruz
(Uesc); Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB); Embrapa, a grande responsável
pela hibridação desse dendê; dentre outras instituições. Essa transferência
seria mais do que viável, haja vista que parte das propriedades da União
(Ceplac) passa por transferência de doação a prefeituras e demais órgãos
governamentais.
Ainda
é tempo que as lideranças regionais possam despertar para contribuir com ações
focadas no desenvolvimento do Sul e Extremo Sul da Bahia, antes que seja
conhecida como a terra do já teve. Quem sabe, dar tratamento igual aos
particulares ou agricultores que são fiscalizados constantemente e multados por
qualquer agressão ao meio ambiente também funcionaria.
Radialista, jornalista e advogado.
Parabéns Walmir pela alerta e vou compartilhar e espero ser seguido.
ResponderExcluirFaz o L turminha da Ceplac!
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