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Marão dança na rua em plena pandemia |
Por Walmir Rosário
Por causa do título não deveríamos levar a sério a recomendação, por ter sido uma observação especial dos ex-presidentes José Sarney e Michel Temer, pois seria o mesmo que dizer faça o que mando, mas não o que faço. Mas o recado precisa ser dito ao prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre, o Marão, pelo seu comportamento durante a visita a um dos bairros da cidade, o Vila Nazaré, em busca de voto.
Basta uma olhada na imagem – um pequeno vídeo filmado por alguém do povo, acredito – nota-se que não se tratava de uma visita de trabalho, ou uma passagem a caminho de outra localidade. Não, a imagem é proposital e representa um escárnio ao povo de Ilhéus, aquele mesmo que o prefeito – há meses – mandou ficar em casa e pediu a ajuda ao governador para que a Polícia Militar prendesse quem saísse às ruas.
Desta vez, quem está nas ruas – em plena pandemia – é o prefeito e seus assessores, fazendo tudo o que proibiu, como a aglomeração e o ajuntamento com cumprimentos de mão e abraços. No pequeno vídeo está implícito que ele deixa a rua, onde ensaiava passos de dança para ir dar um abraço num amigo e, quem sabe, possível eleitor nas eleições que se aproximam.
Essa talvez seja a única coisa que o prefeito Marão saiba, de fato, fazer: sair às ruas em busca de eleitores com tapinha nas costas, beijos e abraços, mesmo com o risco de contaminação pela Covid-19, se não dele que já positivou e curou, mas dos acompanhantes. Como médico, Marão, que prometeu cuidar do povo, mostra que não tem a menor intenção de cumprir a promessa de campanha, pelo contrário, apresenta um comportamento inadequado diante do perigo da infecção.
Como prefeito de formação em medicina, se omitiu no início da pandemia em tomar as providências cabíveis e necessárias com a presteza e urgência requerida, o que, possivelmente, pode ter ampliado a ação do vírus em Ilhéus. Não acredito que tenha sido por má-fé, mas por absoluta falta de vontade de exercer a administração municipal, como vem largamente demonstrando.
O velho Marão, que na campanha se vendeu como novo, apesar de representar o que há de mais antigo na política, entregando as chaves da prefeitura a colaboradores, por simples falta de vontade, apatia de tocar a administração municipal. Voltando ao velho chavão que corre em Ilhéus, teria abdicado da caneta em benefício de um secretário e ainda entregou a obrigação de fazer ao governador do Estado da Bahia.
Comparações à parte, Marão copia políticos mais velhos nas artimanhas e comportamentos ao tratar com eleitores durante a campanha eleitoral, demonstrando bastante intimidade quando na cata ao voto. Promessas e mais promessas durante a campanha, esquecimento após a eleição, quando já não mais depende dos que o elegeram, mas pouco importa o distanciamento após se aboletar na cadeira de prefeito.
Na contabilidade do prefeito Marão, em quatro anos estará de volta, abraçando e beijando os eleitores de memória fraca e já acostumados a perder para os políticos experientes, gente de boa lábia e fácil persuasão. Se não deu para fazer, põe a culpa em outras instâncias, garante que passou todos esses anos com o projeto aprovado, faltando apenas a vinda dos recursos, presos na burocracia governamental. Deixa a pandemia passar…
Mas as redes sociais não estão permitindo esse tipo de comportamento dúbio dos políticos, haja vista o que demostra esse pequeno vídeo, que não permite contestação, dada a sua objetividade. Hoje tudo está às claras, nas lentes das máquinas fotográficas e filmadoras dos aparelhos celulares. Em menos de um minuto a imagem cruza o mundo pelas redes sociais, e continua perfeita, mesmo que apagada pela fonte emissora.
É chegada a hora do eleitor avaliar bem o seu candidato, escolhendo o que se apresenta como ético e moral, comprometido com as necessidades da população, estas postergadas a cada quatro anos de sucessivos mandatos. Basta não acreditar em projetos mirabolantes e nas vãs promessas, feitas sem nenhuma garantia factível da serem executadas e nem o pudor quando apresentadas.
Já não era sem tempo o eleitor dar um simples basta nessa prática execrável, useira e vezeira a cada campanha eleitoreira. Que saiba dizer um não aos candidatos com prazo de validade vencido e que passaram o tempo inteiro com propostas enganadoras, beijos e abraços na campanha eleitoral, pois lembrem-se de que só quem vive bem os agostos é merecedor da primavera.
No dia da dancinha do prefeito Marão, o Município de Ilhéus se encontrava em luto oficial de três dias pela morte do vereador Néo Bastos.
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