PEPÊ E OS GUARDA-ROUPAS PETISTAS

 

Pepê indagou quem eram os dois guarda-roupas

Por Walmir Rosário

Um dos locais de Itabuna que costuma receber políticos em campanha é o Beco do Fuxico, conhecido reduto dos boêmios locais e visitantes, acostumados a realizar um périplo pela diversidade de bares. E o Beco do Fuxico já foi pródigo nesses estabelecimentos que comercializam a alegria e satisfação engarrafadas em três distintos quarteirões, ao gosto do freguês.

Para mostrar intimidade com os figurões políticos, os cabos eleitorais locais os convidam, alertando ser uma visita obrigatória e que deverá render prestígio, votos – nem tantos –, e veiculação na mídia. Diante desse apelo do marketing, não há candidato ou assessoria que não se renda, ainda mais quando enxergam a possibilidade de diminuir o estresse com uma boa batida, uma cerveja bem gelada.

No ABC da Noite, do lendário Caboclo Alencar, candidatos a presidente da República como Mário Covas e Lula já deram as caras por lá, sem falar em candidatos ao senado, governo do estado e a deputado, tanto faz estadual ou federal. E são tratados, se não com carinho, pelo menos com respeito, dada a educação da turma, ou até mesmo para contar a história à posteridade. Quem sabe fazerem uma self juntos.

Existem candidatos que não gostam de frequentar bares – ao lado de bebidas alcoólicas – e mesmo assim adentram ao estabelecimento para apertar a mão dos potenciais eleitores e tirar uma foto tomando um cafezinho e comendo um pão com manteiga, no máximo um misto quente. Se for um dos queridinhos da mídia, ganha no dia seguinte as manchetes dos grandes jornais pelo Brasil afora.

Mas existem aqueles que têm intimidade com o ambiente etílico e não dispensam por nada uma passadinha de meia hora, que quase sempre pode se estender por duas ou três outras, a depender do horário da saideira. Papo vai, papo vem, os que não gostam do candidato se afastam, formam um novo grupo para conversar e, democraticamente, o tempo vai passando.

Um desses casos que me chega à lembrança aconteceu no ano de 2006, em plena campanha eleitoral para presidente, senadores, governadores e deputados, quando numa noite de sexta-feira uma turma do PT chega de supetão na Confraria do Alto Beco do Fuxico. Eles vinham capitaneados pelo deputado federal Josias Gomes, que veio rever os amigos, pedir votos e tomar uma cerveja para restabelecer as energias.

Bem chegado ao sítio etílico, também levou uma legião de “companheiros”, entre eles Everaldo Anunciação, uns sindicalistas, funcionários da Ceplac. Aquela pausa de reconhecimento e os cumprimentos de praxe e a conversa volta ao normal. Dos chegantes, uma turma de “companheiros” entra no bar e outra fica do lado de fora, conversando ao telefone.

Com o encerramento das atividades no bar Confraria do Alto Beco do Fuxico todos passaram para Artigos para Beber. Assim que todos tomara assento e começaram os trabalhos etílicos, eis que os retardatários assomaram a porta do bar, de supetão, acredito que pela sede que sentiam. E neste momento foram indagados por um dos clientes, o advogado Pedro Carlos Nunes de Almeida (Pepê):

– Deputado, pra nós ainda é novidade que o senhor tinha comprado as Lojas Insinuante? – perguntou.

Ainda atônito, Josias ficou sem entender nada do que se passava e balançou a cabeça negativamente, no que Pepê explicou:

- Andando com uns “guarda-roupas” desses tamanhos, alguém vai pensar que está aqui para anunciar a liquidação desses produtos – gracejou.

Os dois guarda-roupas em questão eram o sindicalista Martiniano Costa, que foi dirigente regional da CUT, e Joel Gomes, irmão de Josias, ambos de porte avantajados e com aparência de dois grandes armários, daí a pergunta na ponta da língua de Pepê. Após as risadas de praxe, todos se voltaram ao trabalho de levantamento de copos até por volta da meia-noite, quando Eduardo fechou as portas.


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