Wanda no Botafogo do Conceição em 1961 Dal (Tarzan), Aquiles, Beé, João Bode, Paim e Gileno; Pitito (irmão de Wanda), Wanda, Pintadinho, Zito e Patuca |
Por Walmir Rosário
Wanderlino Amaral Azevedo, ou simplesmente Wanda, do alto dos seus 90 anos, lembra, com orgulho, o dia 6 de abril de 1957, data gravada em sua memória por ter recebido a medalha de campeão do Torneio Antônio Balbino do presidente da República, Juscelino Kubitschek. Ele integrava a Seleção de Itabuna amadora que dava o pontapé inicial para se tornar vencedora, conquistando o Hexacampeonato Baiano Intermunicipal.
Que honra maior para um jogador de futebol amador do interior baiano, que ganhava a vida como comerciário do ramo de tecidos e confecções, ser condecorado na capital como campeão de um importante certame, ainda mais pelo presidente da República? Assim como Wanda, seus colegas da Seleção de Itabuna guardam com muito carinho a medalha de campeão do Torneio Antônio Balbino, na inauguração dos refletores da Fonte Nova.
Mas sua atuação na Seleção de Itabuna teve que, intempestivamente, chegar ao fim por um motivo fora das quatro linhas do gramado: É que o proprietário da Loja A Invencível, onde Wanda trabalhava, não gostava de futebol, portanto, não ficava nada satisfeito com as pequenas ausências por ocasião das viagens durante a realização dos jogos pelo Campeonato Intermunicipal da Bahia.
Wanda deixa de jogar na seleção, mas continua sua carreira de sucesso nos clubes pelos quais jogou, como Janízaros, Botafogo, Fluminense, Bahia, Flamengo, e até o Grêmio, onde atuou por empréstimo. Continuou alegrando a torcida itabunense com suas jogadas e gols marcados no velho campo da Desportiva, nas tardes de domingo, como habitualmente fazia há anos.
Não pensem os leitores que o pequeno Wanda não tinha experiência em jogos com grandes esquipes, a exemplo do Bahia (Salvador), Botafogo (o Glorioso, de quem é torcedor), Fluminense, Flamengo, Vasco da Gama e Bangu, do Rio de Janeiro. Ao enfrentar o Botafogo carioca, no campo da Desportiva, em Itabuna, não contou conversa e disputou a bola de igual para igual com o maior lateral-esquerdo do mundo.
Ele não esquece que ao driblar Nílton Santos, conhecido como a “Enciclopédia do Futebol”, foi agarrado pela camisa pelo craque, dentro da grande área, e pediu a marcação do pênalti. O árbitro da partida, o itabunense Mangabeira, pegou a bola e colocou em cima da linha, marcando uma simples falta, sendo alvo de reclamações pelo atleta itabunense, quando foi advertido por Nílton Santos:
– Calma, baiano, senão o juiz lhe expulsa do jogo –.
Acatou o conselho e jogo seguiu normal. No final da partida, o placar de 2X1 para o Botafogo foi considerado satisfatório. Contra o Vasco da Gama, o placar de 2X1 se repetiu, apesar da excelente partida feita pela Seleção de Itabuna. Já o Flamengo venceu por 3X1, e o Bangu, em Ilhéus, por 7X2. Goleada acachapante sofreu do Fluminense carioca, que enfiou 10X1, após o árbitro marcar um pênalti inexistente. Foi quando o técnico tricolor autorizou o massacre de gols.
Na sua infância e adolescência, Wanda jogava os babas nos campinhos perto de sua casa, em times de camisa, porém sem chuteiras. O convite para atuar no quadro aspirante do Janízaros foi um reconhecimento do seu potencial. Depois, trocou de clube, indo para o time principal do Botafogo do seu bairro, o Conceição. Em seguida, vieram outros convites, aceitos, de preferência, quando acompanhados de um agrado financeiro.
Wanda não se acanha em falar que somente jogavam no futebol amador de Itabuna os que tinham bastante intimidade com a bola, pois todas as posições eram ocupadas por verdadeiros craques:
– E se eu tive vez era porque era um deles. Eu jogava porque gostava de futebol. É certo que ganhávamos uma pequena soma de dinheiro, mas o amor pelo futebol falava mais alto. Tínhamos o reconhecimento da torcida. Quando o Botafogo jogava o bairro Conceição em peso ia ver o jogo na desportiva –.
E o futebol de Wanda agradou o técnico do Bahia, Bengalinha, que o convidou para ir jogar no tricolor da capital baiana. O convite foi feito logo após um jogo contra o Bahia, quando o técnico comentava com jogadores do Itabuna ter gostado do futebol do jogador de número 8. Neste momento ele entra na sala e é convidado de forma curta e grossa:
– Se quiser jogar no Bahia pode ir em casa buscar sua roupa e amanhã nós partiremos para Salvador –.
Wanda agradeceu o convite e preferiu continuar jogando em Itabuna – nos times e na seleção – o que era motivo de orgulho, pois era incluído como os melhores. Para ele era uma alegria imensa jogar contra Ilhéus, que ganhava sempre, bem como outros ossos duro de roer, a exemplo de Santo Amaro, São Félix e Cachoeira, principais adversários no Campeonato Intermunicipal.
O jogador realça, ainda, a capacidade dos atletas de antes, que jogavam com raça. Se tomassem uma pancada levantavam e corriam para a bola, mesmo sem ter preparo físico adequado; hoje, a um pequeno encosto caem e esperam a maca. Wanda também comenta que hoje o jogador parece ter medo da bola, pois mal a recebe já quer se livrar dela, não sai para o drible e dar o passe a um companheiro bem colocado, mais próximo do gol.
Wanda, hoje, aos 90 anos |
Nada a comentar. Só aplaudir esta portentosa memória de um jornalista que registra os fatos, também em sua mente, integrando a sua própria história. Parabéns Walmir Rosário, pelo brinde.
ResponderExcluirCraque de bola, tive o prazer debater um baba com ele no velho campo do tiro de guerra no bairro Conceição. Deus abençoe meu grande amigo.
ResponderExcluirConheço wanda , amigo do meu saudoso pai , Duda açougueiro, não o vi jogar , porém
ResponderExcluirNão o vi jogar eu era criança na época, wanda pelo o que eu tive conhecimento tempos depius, foi um dinossauro do futebol de itabuna, abcos Carlos nenego.
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