![]() |
Edson Almeida - foto Bocaonews-Widelg |
Por Walmir Rosário*
Poucos,
pouquíssimos, têm a capacidade e sorte de iniciar como profissional do rádio
aos 15 anos de idade. Os que conseguiram essa proeza possuíam bastante
capacidade de raciocínio, conhecer do “riscado”, e ser um vocacionado. No rádio
esportivo, então, precisavam conhecer os jogadores, a regra de futebol e
desenvoltura para analisar uma partida, sem pestanejar e em alto e bom som.
Edson
Almeida foi um desses predestinados, que aos 15 anos, em 1960, trocou o emprego
na Loja Invencível para iniciar sua brilhante carreira de comentarista
esportivo na pequena Rádio Clube de Itabuna. Mas não foi fácil! Primeiro, teve
que vencer um concurso, superando outros 36 pretendentes ao cargo. Segundo, foi
obrigado a convencer o diretor da emissora, Gerson Souza, que era a pessoa
certa, apesar da idade.
No dia
seguinte a primeira prova de fogo seria comentar um jogo de futebol ao vivo,
direto do Campo da Desportiva, ao lado do narrador José Maria Gottschalk, que
“encheu sua bola” ao anunciá-lo: “Nos comentários aqui pela primeira vez, o
prodígio do rádio itabunense, Edson Almeida”. Sem mais nem menos, pegou o
microfone e deu conta do recado, nos mesmos moldes em que fazia o grande Rui
Porto. Começou bem.
E Edson
Almeida se firmava como um prodígio no microfone, embora a recíproca salarial
não combinasse com seu trabalho, que somente passou a ver o primeiro pagamento
depois de seis meses. O importante é que ele acreditou no que fazia e cerca de
um ano depois recebeu o convite para se mudar para Salvador, indicado que foi
por Nílton Nogueira, após assistir seus comentários num jogo Bahia e Santos, em
Ilhéus.
Em
Salvador, passou a trabalhar com os “monstros sagrados” do rádio baiano, a
exemplo de José Ataíde, mas não se adaptou à mudança de vida do interior para a
capital. Resolveu fazer as malas e retornar para Itabuna. Continuou os estudos
e os comentários esportivos, se notabilizando como um grande profissional do
rádio jornalismo baiano, distinguindo-se, também como chefe de equipe, como na
Rádio Jornal de Itabuna.
Daí
foi um pulo para a Rádio Sociedade da Bahia, Diário de Notícias e a TV Itapoan,
TV Bahia, Bocão News, dentre outras. Enfim, ganhou o mundo da comunicação esportiva do rádio e da TV, bem
como do jornalismo escrito. A notícia e a análise narrada por Edson Almeida
passava credibilidade desde o seu timbre de voz à postura da interpretação. Aos
poucos era chamado para novos veículos de comunicação, portanto, novas
atividades.
Mas
Edson Almeida não ganhou credibilidade por acaso, era fiel à tradição familiar
e aos costumes do interior, no qual a palavra dada, o comportamento no dia a
dia importava, chegava a ser sagrado. Também continuou se preparando
intelectualmente para as novas missões que assumia. Como se o rádio, a TV e o
jornalismo não bastassem, fez boas e produtivas incursões na publicidade, com
sucesso, é bom que se diga.
Na
assessoria de comunicação não foi diferente, trabalhou na política, e como não
deveria deixar de ser, no futebol. Só um profissional como Edson Almeida seria
capaz de assessorar o Vitória e o Bahia, os dois adversários mais renhidos do
estado. É certo que no Bahia não deu tão certo, mas foi convocado por Paulo
Carneiro para voltar ao Leão da Barra. Continuou de cabeça ereta.
Assessorar
dois presidentes do temperamento de Paulo Carneiro e Paulo Maracajá, por si só,
já é motivo para o crescimento do currículo de Edson Almeida, que de tão imenso
e qualificado não se restringe aos assessorados, mas que é um case de sucesso,
não se pode negar. Mais que isso, são duas torcidas distintas, diferentes,
antagônicas, que desconfiam uns dos outros, numa eterna briga de gato e rato.
E
Edson Almeida sempre administrou essas passagens com bastante profissionalismo
e seriedade, atributos que carrega desde os tempos das rádios Clube e Jornal,
em Itabuna, na Sociedade ou Excelsior, nas quais formou e preparou dezenas de
profissionais. Soube, como poucos, trabalhar nos dois lados do “balcão”,
abastecendo com informações os veículos de comunicação, ou neles garimpando as
notícias.
Em
Itabuna, o conceito de Edson Almeida pode ser medido em diferentes fases.
Quando por aqui militava, nas emissoras de rádios e TV de Salvador, ou nas
assessorias, especialmente pelos que mais experientes pela idade. Não foi
relegado ao esquecimento e em qualquer discussão sobre o futebol do passado
sempre foi tido e havido como uma referência aos bons comunicadores,
notadamente pelos colegas.
É certo
que 99% dos méritos cabem a Edson Almeida, que de forma pessoal acreditou no
seu potencial e conseguiu superar os 36 concorrentes no concurso para a “velha”
e pioneira Rádio Clube de Itabuna. Entretanto, não poderemos deixar de exaltar
José Maria Gottschalk por ter acreditado no então garoto candidato e
recomendá-lo ao diretor Gerson Souza a contratá-lo.
No rádio
esportivo de Itabuna daquela época, ainda feito de forma empírica por alguns
abnegados, Edson Almeida soube dar o tom de modernidade a pensar introduzir, de
primeira, o comentário de Rui Porto, não com uma cópia, mas como modelo. Aos
poucos, soube criar seu estilo e permanecer no rol dos melhores comunicadores
baianos. E melhor, sem perder suas características.
*Radialista, jornalista e advogado
Um sotaque inconfundível, voz firme e raciocínio lógico. Muito bom. Juntamente com José Domingos, revelado quando substituiu Virgilio Elísio na Radio Cultura da Bahia, Edson Almeida fez escola e sua atuação ética e competente ainda hoje é referência nos meios de comunicação baianos.
ResponderExcluirO comentarista nota 10. Um ícone do comentarismo esportivo.
ResponderExcluir