Turrão e Tolé, ídolos do passado na Confraria d'O Berimbau |
Reafirmo
que muito já foi dito, contado e recontado sobre a Confraria d’O Berimbau,
instituição recreativa, etílica e cultura da vida mundana de Canavieiras.
Porém, consta dos anais que os frequentadores jamais abandonam o recinto, a não
ser por causa mortis, embora digam alguns dos mais exaltados confrades, que
eles continuam a povoar o local, agora meramente em espírito.
Mas
esse é um assunto que não costumo discutir por não ter habilidade, competência,
especialização ou comprometimento com temas que envolvam o plano espiritual.
Reconheço que me faltam essas e outras características, mas não deixo de meter
minha colher em temas quase tão relevantes como esses, e jamais me furtarei em
discorrer sobre frequentadores ainda lépidos e faceiros, mas reconhecidamente
fora das atividades etílicas.
E
posso falar de cátedra, pois tenho amigos tantos que após muita labuta na parte
de fora dos balcões dos botequins, hoje se encontram ausente das pelejas,
afastados pelos mais diversos motivos. Posso até comparar com o futebol, em que
alguns pedem para sair, enquanto outros são retirados pelos técnicos, por não
se comportarem bem em campo.
É uma
questão individual, bem sei, embora não me conforme em perder parceiros de uma
vida inteira, que mais que de repente, aplicam um drible da vaca nos parceiros
e se retiram do boteco. Conheço mais que uma dúzia de seduzidos pela religião,
obrigados pelos discursos das lideranças espirituais a se afastarem,
definitivamente, desse nosso restrito convívio.
Outros
tomaram essas tresloucadas atitudes por vontade própria, quem sabe com os
aconselhamentos de pé de orelha da patroa, com toda a razão. Mas existem outros
tantos que ainda não consegui identificar quais os motivos que os levaram a
romper com as coisas boas da vida, deixadas por Deus para todos os filhos, sem
distinção, acredito eu.
Desses
últimos, alguns, sem mais nem menos, sequer se esforçaram em fazer uma visita
aos amigos nos locais de costume, que no caso da Confraria d’O Berimbau, aos
sábados, preferencialmente ao meio-dia em pino. Festejo aqui outros nessa mesma
classe que não se fazem rogados em comparecer em datas festivas, cumprimentam
jogam uma conversa fora e vão embora.
Não
pretendo impingir a alguns a pecha de algum defeito ou vício, e até acredito
que alguns cometam essas ausências por simples bizarria ou excentricidade. Dos
desaparecidos nas atividades etílicas da Confraria d’O Berimbau, mereceram
distinção e louvor alguns desses valorosos quadros retirados dos campos
etílicos os cunhados Turrão (José Albertino Bonfim de Lima) e Tolé (Antônio
Amorim Tolentino).
Convidados
para alguma efeméride ou simples data comemorativa não se furtavam em dar o ar
da graça com suas presenças. Com inteligência, levam algumas latas de cerveja
sem álcool e não se fazem de rogados em abri-las com aquele conhecido barulho
ao retirar os lacres. Mais que isso, Turrão e Tolé participavam ativamente da
degustação do filé mal assado preparado com esmero por Zé do Gás.
Com
toda e serenidade, cumprimentavam a todos os ex-colegas de copo, buscavam
assento à mesa ou cadeiras que melhor lhes convinham e faziam de conta que nada
mudou. Contavam histórias e estórias, fiscalizavam o velho e surrado caderno de
contas e o livro de atas, tudo na mais perfeita sintonia, como se os velhos
costumes estivessem mortos e enterrados.
Até
hoje não faltam os efusivos convites à dupla (Turrão e Tolé) para retornar às
atividades etílicas, por serem considerados quadros valorosos, daqueles
bastantes disputados em convites, escolhidos de primeira como na escolha “dos
babas” de antigamente. Apenas gracejam das propostas e garantem ser fruto de um
passado que não volta mais, bananeira que deu cacho.
Como
no futebol, são aposentadorias sentidas, consideradas precoces que não se
coadunam com a qualidade de cada um deles. Mas assim é a vida, mudam os
costumes, não apenas os relegam como sendo uma atividade a esconder, mas
acreditam que o presente é outro. Para tanto, dão uma olhada no retrovisor para
garantir as ações do futuro. Sem traumas.
Turão
e Tolé, dois ídolos da boemia do passado em Canavieiras.
*Radialista,
jornalista e advogado.
Como sempre, muito bom!!!
ResponderExcluirBerimbau de Canes, Beco do Fuxico, ABC da Noite e Programa da Manhã, Os Melhores Lugares do Mundo - Início das Manhãs e das Tarde Sábados.
ResponderExcluirEssa historias são tão suaves, para um leigo sentir saudade de se terra natal onde ficava com seus amigos!
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