Comida de "sustança", apropriada para um domingo |
Uma
recomendação que sempre dou a um amigo é que procure comer bem, se a comida for
gostosa, não perca tempo, coma muito. Essa é uma receita que deve ser repetida
pelo mundo afora pelo que apreciam uma boa mesa, se acompanhada de uma boa
bebida ainda melhor. Aconselho aos que por acaso assim nunca procederam, que o
faça, pois é pro seu bem.
Sem mais
delongas passo a descrever uma pequena aventura que vivi neste último fim de
semana, durante uma pequena estadia em Campo Formoso (BA), visitando parentes. E
tudo começou ao passar num supermercado, ao me deparar com uma carne de jabá
bem vistosa, daquelas de encher os olhos e encher a boca d’água, com o perdão
dos leitores.
Não deu outra,
pedi ao funcionário do mercado para descer a faca de cima a baixo e acrescentei
às compras, um quilo de linguiça levemente apimentada, bacon, arroz, além de
alguns temperos. Na minha mente já aparecia uma panelada de arroz carreteiro,
prato de substância para o movimentado fim de semana. Foi só passar na gôndola
de cerveja e me encaminhar para o caixa.
No sábado, dia
de feira, a pretensão era acrescentar uma boa tapioca, e o fubá, essencial para
a farofa de cuscuz com linguiça. Logo cedo eu e minha mulher nos dirigimos à
feira com o objetivo de comprar outros produtos da terra, diferentes do que
encontramos em Canavieiras. De cara, nos deparamos com uns maxixes bonitos e fomos
juntando ao andu e às favas. Saímos com pesados embrulhos.
Dizem os mais
experientes que “o que os olhos não veem o coração não sente” e essa foi nossa
perdição, no sentido estrito da gula. Além do arroz a carreteiro, em minha
cabeça fervilhavam a farofa de cuscuz com linguiça e uma moqueca de maxixe,
devidamente enriquecida com a jabá, bacon, linguiça, tomates, pimentões,
cebolas, leite de coco apurado manualmente na hora e azeite de dendê.
Não sei os que
porventura leem esse texto, o façam preferencialmente de barriga vazia e que
seja um grande apreciador da boa comida de “sustança”, e em dia de domingo, sem
qualquer compromisso no período da tarde, assim como eu. Confesso que a
preparação dos pratos não meu muito trabalho, mesmo sendo num dia dedicado ao
descanso.
E não deu
outra, iniciamos – eu e minha mulher – com a moqueca de maxixe, o arroz a
carreteiro, e por últimos a farofa, nesta ordem, com a degustação da boa e
velha cerveja, que prazerosamente nos acompanha nessas providenciais ocasiões. E,
metodicamente, fomos dando forma aos pratos, especialmente no arroz a
carreteiro, preparado numa majestosa panela de barro.
Pelos meus
cálculos 12 pessoas estavam inscritas ao almoço, com lugares já reservados à
mesa, sem contar os visitantes de última hora, já previstos no planejamento de
qualquer almoço domingueiro. Finalmente, perto das 14 horas, mesa posta,
convidados devidamente sentados e apossados de pratos e talheres para iniciar a
comilança.
Fora do planejado,
minha irmã Iracy me apresenta um produto divino elaborado na Gameleira, no povoado
do Brejão da Caatinga, em Campo Formoso: um vinho de laranja, que apresentava
no seu rótulo ser “o vinho do momento” de produção caseira. E mais, produzido artesanalmente
a partir de laranjas. Embora do Brejão da Caatinga, possuía todos os sotaques lusitanos
do vinho do Porto.
Confesso que
aqui não falo como especialista em vinho, por não possuir tais credenciais, mas
digo com certeza que meu paladar nunca me falseou. Após o silêncio sepulcral (linguagem
chula para um almoço...) dos refinados paladares, fiquei corado com os elogios.
Ainda bem que detectei serem sinceros, pelo que vi na repetição dos pratos.
E para
finalizar a comilança domingueira nada melhor dos doces (a escolher) de groselha
e carambola, retirados dos devidos pés no quintal e elaborados um pouco antes
para nosso deleite. Tenho que finalizar com o que preguei no início dessa crônica:
todos comeram bem e muito, porque gostoso, digo sem pretender ser alvo do
elogio fácil, pois juro que não tenho interesse de caitituar prestígio em campanha
de marketing.
Deixarei de oferecer
a competente receita para não me estender no texto, pois como já forneci os
insumos, prefiro que cada um que se atreva a elaborar um banquete deste tipo
use sua imaginação. Além do mais as quantidades podem ser encontradas
facilmente em site especializado na internet. O que valerá, mesmo, será a
criatividade, inclusive em me convidar.
*Radialista, jornalista e advogado.
Tive o privilégio de degustar dessa “comilância de sustância”, realmente não resisti ao ato de repetir, rs rs, uma delícia imensurável. Não poderia deixar de tecer aqui os elogios ao escritor da crônica pela riqueza nos detalhes, a sua companheira Vilma, e a querida anfitriã Iracy.
ResponderExcluirPra isso ninguém me chama e ainda provoca inveja...rsrsrsrs
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