DEZEMBRO CHEGOU E COMPROMISSOS AUMENTARAM

 

Ganhei o perdão por chegar atrasado pela primeira vez 

Por Walmir Rosário*

Uma avalanche de atribuições chega junto com o mês de dezembro, isso para quem – como eu – assume as responsabilidades. Tenho que me virar para não falhar com minha presença numa obrigação qualquer, desde a mais singela até os encargos mais sérios. Os deveres contraídos não aceitam as corriqueiras desculpas de última hora, do tipo, um compromisso de última hora...

Um velho e saudoso amigo sempre me dizia, “Rosário, se você começar a falhar nas atribuições contraídas, ou simplesmente recusar os convites, pode ter certeza, que daqui a uns dias você não será lembrado nem para participar de sepultamentos”. E essa é a lei que impera soberanamente na vida social, taxando os inveterados ausentes como antissociais.

Pelo que já devem ter percebido, e não estou me referindo aos compromissos financeiros, cuja inadimplência será tratada por órgãos especiais, a exemplo de SPC, Serasa, cartório de protestos. Refiro-me à vida em sociedade, da qual não se recusa os encontros entre amigos, chegados ou não, em locais antes nunca imagináveis. Faz parte.

Confesso que sou exigente nos meus compromissos assumidos e sou daqueles que acredita que beber cerveja é igual a tomar banho: tem que ser uma obrigação diária. De antemão aviso que a idade nem sempre permite que eu lembre todos os eventos que deverei participar, por culpa exclusiva da memória, às vezes preocupada com temas nada relevantes.

É do conhecimento de todos que o aumento de feriados – municipais, estaduais e federais – complica nosso cérebro, principalmente os mais novos ou aqueles nem tão importantes que são comemorados em dias distintos – recuados ou adiantados. Recentemente me passei com um desses feriados recém-instituídos e não arredei o pé de casa.

Mas como diz o ditado que quem tem amigos nunca está só, à “boquinha” da noite recebi uma mensagem do meu amigo e colega desde a faculdade de direito e da advocacia, Antônio Apóstolo. Ele se encontrava passeando por Paraty e não poderia deixar de me informar, solicitar dicas de onde comer bem e beber uma boa cachaça.

Imediatamente respondi que iria juntar o útil ao agradável e indiquei uma “casa de pasto” com um cardápio especializado em peixes, frutos do mar e carnes, devidamente harmonizados com bons vinhos, cervejas especiais e a boa cachaça. Não tinha errada, era só chegar à praça da Matriz e procurar o Alambique Antônio Melo, nome inusitado para o restaurante pilotado por minha comadre Áurea.

Cerca de 10 minutos depois, Apóstolo me envia uma foto, onde ao lado de sua amada, degustava uma cachaça Coqueiro, do tipo azulada, ou zuleica, como frequentemente chamada pelos íntimos. Entusiasmado, o casal já agendava para o dia seguinte uma parada na praia do Pontal, mais exatamente no Quiosque do Lapinha, com sagrada obrigação de degustar o tradicional camarão casadinho.

Somente após esse contato virtual com o casal Apóstolo é que me dei conta do feriado e dos amigos que deixei a esperar por mim a tarde inteira no Mac Vita para passarmos Canavieiras em revista, molhando a goela com cerveja. Sem mais delongas, me aprontei para não furar o compromisso, acreditando que ainda deveriam estar aguardando minha chegada, por não faltar aos encontros.

Realmente, ainda os encontrei ocupando três mesas, com duas ou três baixas por estrita necessidade do cumprimento de outros deveres. Não cheguei a ser repreendido, por possuir um extenso currículo e lista de presença positiva. Minhas escusas não passaram de um simples esquecimento e da atenção ao fazer o papel de guia turístico virtual ao casal amigo.

Mais explicações não foram necessárias em mesa de bar e recebi o conselho dos confrades e iniciar o levantamento de copo, já que chegara com substancial atraso. A partir de então iniciei uma pesquisa na internet para me orientar sobre como agendar meus futuros compromissos nos meios eletrônicos disponíveis. De lá pra cá, já me sinto familiarizado com os aplicativos no celular e a Alexa, a partir daqui responsáveis pelo cumprimento de minhas obrigações.

Vislumbro muitos afazeres pela frente neste dezembro.

*Radialista, jornalista e advogado.

 


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