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Orlando Cardoso está no ar há 64 anos, ininterruptos |
Por Walmir Rosário*
Sem sombras de
dúvida, o radialista Orlando Cardoso é um ícone da comunicação radiofônica de
Itabuna. Não apenas pelos 64 anos ininterruptos à frente do microfone, mas pelo
conceito adquirido junto aos ouvintes da região cacaueira. É preciso
competência, carisma e credibilidade junto ao público – cativo – por longos
anos.
E uma das
marcas de Orlando Cardoso é ter responsabilidade em tudo que leva ao ouvinte,
com o apoio de boa música e os comentários dos fatos no dia a dia de seus
programas. E não é pra menos, pois a credibilidade do comunicador garante uma
audiência cativa, com reflexos positivos na área comercial, com anúncios nos
programas.
E a
simplicidade de Orlando Cardoso não permite que ele fale sobre a publicidade no
seu programa diário (matinal) Panorama 640 (meia quatro zero), sem espaços
vazios na grade de comerciais. E cheios de orgulho, alguns colegas e amigos
dizem que é o único programa a recusar novas publicidades, por um fator
inédito: não existe espaço disponível.
Com toda a
tranquilidade Orlando revela que o rádio lhe deu muita experiência de vida, a
chance de conhecer parte do país, o que jamais teria em outras profissões. E
não economiza elogios ao dizer que o rádio sempre foi tudo pra ele, depois de
Deus e a família. E em seguida emenda que nunca foi metido a besta, o que lhe
ajudou também na política.
Orlando
Cardoso trabalhou nas três emissoras AMs de Itabuna – Difusora, Clube e Jornal
– sempre disputando o primeiro lugar em audiência, com a mesma tranquilidade,
focando sempre na sua comunicação. Numa conversa nossa há algum tempo ele disse
que tem muita gente boa de audiência no rádio, mas que não conseguiu se eleger
na política por não ser popular, simpático, e que a política não perdoa.
Mas os
ouvintes não têm a menor ideia da trabalheira que é ser líder de audiência. E
pra começo de conversa, exige um projeto que caia no gosto do ouvinte,
acompanhado de músicas e boas informações. No esporte não é diferente e ele
mesmo já passou muitos dissabores em estádios onde transmitia jogos da Seleção
de Itabuna, a Hexacampeã Baiana de Amadores.
Em muitos
desses jogos, os radialistas eram também tratados como adversários e tinham que
ter muito jogo de cintura para realizar uma transmissão de qualidade. Os locais
destinados aos visitantes eram em espaços exíguos e junto às torcidas
adversárias, intimidando-os o jogo inteiro. Algumas vezes foi obrigado a
transmitir os jogos em cima do teto da Kombi da Rádio Difusora.
E Orlando
Cardoso não nega que era um apaixonado pela Seleção de Itabuna, e os torcedores
apaixonados por ele. Nas transmissões sua vibração era transmitida pelo rádio e
a torcida acompanhava, a exemplo do gol do Hexacampeonato, em Alagoinhas,
quando ele narrou com toda a força dos pulmões o bordão: “É gol Itabunense,
torcida grapiúna!”.
E nessa hora
balançaram tanto a Kombi que ele não pode ver quem teria marcado o gol, muito
menos ouvir o repórter Ramiro Aquino dar os detalhes do gol de cabeça do
centroavante Pinga. “Acabou o jogo, entramos na Kombi e voltamos para Itabuna,
e somente aí é que fui informado que o gol teria sido de Pinga, mas pouco
importava, pois já éramos Hexacampeões”, ainda comemora Orlando.
A primeira
participação de Orlando Cardoso no microfone foi na Rádio Clube de Itabuna, indicado
pelo radialista e publicitário Cristóvão Colombo Crispim de Carvalho, por volta
de 1960, quando narrou um jogo imaginário. Em seguida narrou outro jogo, este
de verdade, no Campo da Desportiva, mas não continuou. Em seguida narra outro
jogo imaginário na Rádio Difusora, a pedido de Romilton Teles, e é chamado para
um teste na emissora, a qual trabalha.
E prestes a
chegar aos 83 anos continua firme e forte na condução do Programa Panorama 640
(meia quatro zero) para a alegria de milhares de ouvintes. Vida longa na
existência física e radiofônica, Orlando Cardoso!
*Radialista,
jornalista e advogado.
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