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Garrincha em 1962, em amistoso do Brasil contra Portugal |
Por
Walmir
Rosário*
Inacreditável!
A desastrada Confederação Brasileira de Futebol, mais conhecida como CBF, tenta
acabar de vez com o futebol brasileiro, mas não é deixando de realizar os jogos
em todo o Brasil. Não, eles escolheram um jeitinho e pretendem tornar o futebol
um jogo amorfo, sem espetáculo, sem jogadas bonitas, um jogo praticado por
pernas de pau ou autômatos.
Se
hoje os jogos de futebol não merecem mais serem chamados de espetáculos, com
raríssimas exceções, as frequentes canetadas oficiais o tornarão uma espécie de
filme mudo, mas sem a graças dos grandes artistas. E essas proibições vêm sendo
implantadas há anos, sob qualquer pretexto, quem sabe até globalistas. Perdoa,
Pai, pois eles não sabem o que fazem.
O buraco
é mais em baixo e eles sabem, sim, o que querem, e isto está largamente
comprovado. De início, foram proibidos os dribles, os olés, as embaixadinhas,
eliminando em campo as habilidades individuais. Agora não podem pisar com os
dois pés na bola. Isso não pega bem, pois parece histórias de antigamente,
quando quem mandava no jogo era o dono da bola. Ou ele jogava ou levava a bola
para casa.
Sei
que hoje não temos mais o Garrincha com as pernas tortas promovendo misérias em
campo, fazendo os adversários de gato e sapato. Para alguns, os dribles do
camisa 7 do Botafogo eram desmoralizantes, nem tanto, pois ele jogava o que
sabia e mais alguma coisa. Daqui a mais um tempo os craques do futebol serão “castrados”
e não poderão fazer qualquer espetáculo.
Meu
saudoso amigo Danielzão, que jogou como goleiro e centroavante no futebol
amador e profissional de Itabuna e Salvador, dizia há muitos anos que os
cartolas e técnicos tinham a intenção de acabar a beleza e produtividade do
futebol. Ele explicava que, enquanto os gringos levavam nossos jogadores para a
Europa a peso de ouro, para a aprenderem nosso futebol, por aqui queríamos
jogar como os gringos, sem gingas e maneios de corpo.
Não
sabe – ou não quer saber – o presidente da CBF, que os “arquibaldos e
geraldinos”, expressão criada pelo tricolor Nelson Rodrigues para se referir
aos frequentadores das arquibancadas e geral do Maracanã, iam aos jogos para
assistirem verdadeiros espetáculos. E as partidas no “Maraca” contabilizavam
até mais de 200 mil expectadores, melhor, torcedores.
Duvido
que alguém sairia de sua casa numa noite chuvosa ou numa tarde escaldante para
assistir a uma partida de futebol maçante, sem os dribles de tempos recuados,
hoje proibidos...nem pensar. Jamais veremos um lançamento de 80 metros feito
pelo canhotinha Gerson, cuja bola morreria no peito do companheiro, que marcará
o gol. Um espetáculo pra ninguém botar defeito, nem os adversários.
Será
que a direção da CBF já assistiu aos jogos entre o Botafogo e Santos, em
qualquer um deles impossível de adivinhar o placar final? Com a CBF de hoje
Pelé seria ainda um jogadorzinho de várzea, por ser tolhido de protagonizar
suas brilhantes jogadas. Garrincha nem entraria em campo, pois com certeza não
saberia jogar o futebol burocrático pregado pelos atuais cartolas.
Hoje
vale mais para a CBF os astronômicos salários dos dirigentes das federações bem
acima dos R$ 200 mil mensais, do que oferecer um espetáculo futebolístico à
altura dos praticados pelos brasileiros. Ao que parece eles tentam matar a
galinha dos ovos de ouro, não se contentando meter a mão somente nos ovos. Tudo
indica que querem comer a galinha, e de uma só vez.
Na
minha geração, bem como a dos mais novos, nos acostumávamos com os espetáculos
já nos campinhos de babas próximos de nossas casas, nos entusiasmando ir às
tardes de domingo ao campo da Desportiva assistir às apresentações
cinematográficas dos nossos craques amadores. E digo mais: tínhamos pra mais
100, para formar seleções brasileiras superiores às de hoje.
Sou
do tempo em que o futebol em campo obedecia a uma cadência musical espetacular,
sem destoar das músicas tocadas pelas charangas nas arquibancadas de nossos
estádios. Sou do tempo em que um jogador era escalado pelo futebol que
praticava seria substituído por outro de igual qualidade. E não me arrependo,
pelo contrário, me orgulho.
Não
tenho receio em dizer que não perco mais o meu tempo a ver malfadados jogos da
seleção brasileira com jogadores escalados pelos seus empresários, como dizem
largamente representantes da imprensa brasileira. Melhor ser socorrido pelo
Youtube e relembrar os bons jogos do passado, que mesmo já sabendo do resultado,
voltamos a assistir com emoção.
Nesse
diapasão, provavelmente chegará o tempo em que os times terão seus resultados
programados para que não sofram qualquer tipo de bullying e se sintam assediados
e oprimidos pelas equipes adversários. Lembrem-se, no futebol o jogador bom é
aquele que provoca o jogo e intimida os adversários com gols de beleza plástica
sem igual. É do futebol!
Acredito
que serei classificado como um saudosista, que não conhece nada de futebol,
haja vista o presidente da CBF ter sido reeleito por 100% dos presidentes de
federações e dos clubes das séries A e B. Portanto, nada de reclamações. Pelo
visto nunca mais assistiremos aos espetáculos com mais de 200 mil torcedores,
números que minguam a cada dia. VARlei-me....
*Radialista,
jornalista e advogado.
Já está bem parecido com o joguinho de "totó".
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