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O azeite de dendê Unauê recebeu esse nome em homenagem ao município de Una, onde é produzido |
Por
Walmir
Rosário*
Sempre
acreditei piamente que Deus deixou as coisas boas do mundo para todos os seus
filhos, indistintamente, embora alguns se deem ao luxo de esnobar algumas
comidas e bebidas por algum motivo. Mas não cabe eu analisar o que eles pensam,
o que gostam ou desgostam, nem os motivos que os levaram a abominar certos
tipos de comes e bebes. Mas que acho estranho, isto é fato.
Na
Bahia protegida por todos os santos, então, é uma infâmia desprezar as iguarias
africanas, a exemplo do abará e do acarajé, que fazem sucesso e enchem a boca de
água só em pensar. Bote sua cabeça para funcionar e se imagine comendo um
acarajé com todo aquele recheio escorrendo pelos “cantos da boca”, com realce
para o azeite de dendê! Comida dos orixás, dos deuses!
Se
vosmicê se contenta com uma moqueca sem dendê, do jeito que é cozida em alguns
estados, não sabe o que está perdendo. Mas ainda dá tempo de recuperar o atraso
e conhecer o novo tipo de dendê que é produzido pela Ceplac, em Una, no Sul da
Bahia. Portanto, ao chegar a um bom restaurante ou tabuleiro de baiana do
acarajé, pergunte primeiro: Esse prato é feito com o azeite de dendê Unauê?
Caso
a resposta seja positiva, sossegue, relaxe e se sinta um privilegiado. Vosmicê
estará prestes a embarcar numa experiência gastronômica sem precedentes.
Sinta-se no Olimpo e deixe que suas papilas gustativas viajem pelos sabores
despertados pelos temperos, gostos e, sobretudo o umami, presente no dendê Unauê.
Como
disse no início dessa crônica, tenho que compartilhar com vocês essa novo
dendê, que acredito ser uma iguaria dos deuses. Numa de uma das minhas incursões
por Una, encontrei com o colega ceplaqueanos José Inácio Lacerda Moura,
engenheiro florestal da Ceplac, e responsável pela introdução do cultivar
híbrido desse dendê na Bahia.
Era o
ano de 2009 e o projeto previa a associação da alta produtividade do dendezeiro
africano com a resistência ou tolerância a pragas e doenças, porte baixo e
qualidade do óleo do caiaué. Esse trabalho contou com o apoio da Embrapa
Amazônia Ocidental, e a intenção principal era evitar o debacle desse cultivo
no Sul da Bahia.
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Pesquisador José Inácio |
O
problema é agravado no pequeno agronegócio dendê na Bahia, constituído pelos
chamados “roldões” que representam a grande maioria das unidades processadoras
do óleo, localizadas na região conhecida como Baixo Sul, vem sofrendo sério
revés econômico pela diminuição da matéria-prima, ou seja, cachos de
dendezeiro. Esses “roldões” são responsáveis pela geração de cerca de 3 mil
empregos diretos e de parcela considerável da renda regional.
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A planta de baixo porte facilita o manejo |
Estudos
também demonstraram que o azeite Unauê tem potencial para o preparo de
alimentos funcionais, rico em polifenóis, com propriedades antioxidantes e
impacto favorável sobre os lipídios plasmáticos humanos relacionados com os
fatores de risco cardiovascular. Devido a essas características, o uso do
azeite Unauê, principalmente no caso de produtos da culinária tradicional que
utilizam o óleo de dendezeiro não refinado, proporcionará produtos de melhor
qualidade, sabor, propriedades nutracêuticas e/ou funcionais.
Em
tom de brincadeira, José Inácio diz que as baianas de acarajé “odeiam” o HIE (ou
Unauê) por ter pouca estearina (mais oleina). Devido a isso, só permite uma
fritada – o que é bom para o consumidor. Já o dendezeiro – por ter muita
estearina –, permite até 5 fritadas – o que é péssimo para o consumidor. Por
fim, a cor amarela da estearina (ou borra) dá o dourado. Já quando feito com o
Unauê, fica escuro, pois tem muita oleina. Contudo, o acarajé quando feito com
Unauê é maravilhoso.
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Azeite Unauê une sabores e benefícios à saúde |
*Radialista, jornalista e advogado.
Onde comprar?
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