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Plínio Assis jogou no Flamengo e na Seleção |
Por Walmir Rosário*
Recentemente recebi
do colega radialista e advogado Geraldo Santos Borges, uma mensagem por WhatsApp
me incentivando a mostrar os bons goleiros que passaram por Itabuna, desde os
amadores até os profissionais. E mais, o Jurista, como nos tratamos, ainda
catalogou bons nomes e informações dos que fizeram a alegria dos itabunenses,
em seus clubes ou na brilhante Seleção de Itabuna amadora.
E como não
poderia deixar de ser, Carlito, colega nosso de Ceplac, encabeça a lista. Em 4
de abril de 1957, titular da Seleção de Itabuna no Torneio Antônio Balbino, foi
um dos responsáveis diretos pela conquista do título. À época, na disputa por pênaltis,
que eram batidos por um só jogador. E nessa final foram cobradas três séries de
cinco penalidades, cada. Pela Seleção de Itabuna Santinho marca todos os 15 e
Carlito defende um. Classificada para a final contra Alagoinhas, Itabuna vence
por 2X0 e é Campeã.
Esse mesmo
selecionado, no segundo semestre, se sagra vencedor do Campeonato
Intermunicipal Baiano de Amadores, desta vez com o goleiro Asclepíades (se revezava
com Carlito). E Geraldo Borges ressalta que além de defender, Asclepíades era
um excelente batedor de pênaltis, o que fazia com frequência no Flamengo, time em
que jogava. E ele era o terror dos atacantes nas cobranças de escanteio contra
o time que defendia, pois saia do gol pra socar a bola ou algum atacante que se
descuidasse na tentativa de cabecear para o gol.
Outro
merecedor de destaque é Plinio Assis, também do Flamengo. Tranquilo, frio,
extraordinário. Diziam que o time era Plinio e mais dez. Na seleção de Itabuna,
em um jogo na desportiva contra a seleção de São Felix, a bola já havia passado
e ele a tirou com o calcanhar. Fatalmente entraria. Após o jogo, o narrador Geraldo
chama de lance de pura sorte. Plínio ficou possesso e ressaltou que fez a
defesa de forma consciente.
E tudo indica
que foi mesmo. De outra feita, conta o Vasco da Gama, no campo da Desportiva, Delém chuta a
bola na marca do pênalti e Plínio parte para a jogada, a bola bate no seu peito
e não entra. Contra a seleção de Muritiba, o atacante cabeceia, Plínio foi
vencido e levanta seu calcanhar como último recurso, conseguindo evitar o gol.
E Geraldo Borges arremata: “Que Higuita que nada”, ao ver o goleiro da Colômbia
fazer malabarismos e artes deste tipo, até em jogos de Copa do Mundo. Plínio já
fazia antes.
Luiz Carlos foi
outro goleiro inesquecível. Fechava o gol. Era uma segurança. Alto, esguio,
elegante, preciso, seguro. Se ele não tivesse sido jogador antes de Leão – do
Palmeiras e da Seleção Brasileira –, certamente não faltaria quem dissesse que
ele imitava o Leão. Até o gesto que fazia quando a bola ia pra fora era
semelhante ao do goleiro Leão. Luiz Carlos e Plínio se revezavam na Seleção de
Itabuna.
– E o
Betinho? Este tem uma história difícil de acreditar para quem não viveu àquela
época – lembra Geraldo.
E Geraldo
Borges continua: “Já ouviram falar em alguém que acertou na loteria e rasgou o
bilhete? Pois foi quase isso que aconteceu com Betinho. Trazido a Itabuna para
jogar no Janízaros de Gerson Souza, se superava a cada partida. Alto, bom
porte, ‘como um gato’ (diria Tadeu Schimidt) pegava tudo e mais alguma coisa”.
O Santos –
então melhor time do mundo – veio jogar um amistoso em Ilhéus, trazendo Pelé e
o time completo. “Os ilheenses buscaram Betinho para jogar na seleção de Ilhéus
que seria a equipe adversária do Santos. Betinho, fechou o gol. Pegou tudo. Mesmo
assim o Santos ganhou pelo placar de 3X1.
Durante a
partida, o ponta-esquerda Pepe, conhecido pelo chute forte como o canhão da
Vila Belmiro, era o cobrador de faltas do Santos. Chovia, campo molhado, bola
pesada. Falta na intermediária de Ilhéus e Betinho desafia Pepe, mandando abrir
a barreira. Pepe cobra forte, como sempre. E Betinho segura e cai com a bola. A
mão ficou em frangalhos, mas a bola não passou e ele continuou no jogo como se
nada tivesse acontecido.
Reza a lenda
que Pelé correu pra área, suspendeu Betinho puxando pela camisa e teria dito: “Levanta
goleirão, vou lhe levar pro Santos!”. Betinho foi. Mas não ficou. Com
saudades dos amigos e das farras itabunenses, pegou um ônibus e voltou pra
Itabuna. De nada adiantou as recomendações de Claudio, então titular no gol do
Santos. “Calma baiano, você vai jogar no gol do melhor time do mundo!...”.
Daqui de
Itabuna o Betinho foi para o Vitória. E segundo me disseram, morreu em Jequié,
sua terra, trabalhando como carregador de caminhão – uma pena!... Ressalta o
escritor esportivo Tasso Castro, que nunca viu um goleiro segurar (sem
encaixar) chutes fortes de fora da área como Betinho. Ele era diferente.
– Sua colocação
e segurança eram impressionantes. Parecia que a bola o procurava. Tinha poucos
defeitos como nos cruzamentos para área, por exemplo. Vi um jogo do Itabuna
contra o Bahia no estádio da Graça. No
empate de 1 x 1, que deu o título do segundo turno ao Itabuna, ele fechou o
gol. Eu estava lá –, comenta Tasso Castro.
Também passaram outros bons goleiros por Itabuna, a exemplo de Ivanildo, do Fluminense, que tinha bastante colocação e segurança ao disputar as bolas na área. Pelo Itabuna Esporte Clube também jogaram grandes goleiros, como Geraldo (do Rio de Janeiro), que morreu afogado no rio Cachoeira, próximo ao Salobrinho; Zé Lourinho, Laércio e Getúlio, cada um deles dando conta do recado.
*Radialista, jornalista e advogado
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